O espetáculo político do país através
de legendas partidárias algumas de suas personalidades se candidataram ao
título de campeão da decência. Quando a sociedade arrazoava que o PT quanto
oposição ostentava em suas hortes os “guardiões da ética, toda cúpula naufragou
com raríssima exceção”. Vamos ao fato, que presenciamos por inicio da formação
da CPMI a vexatória discussão alusiva ao “Escândalo Cachoeira” ofereceu um
pitoresco flagrante da decomposição moral da Casa do Povo na voz de um deputado
ao criticar o relator Odair Cunha (PT – MG) que, segundo ele, trata
amorosamente os tchutchucas da base aliada e se finge de tigrão quando julga
figuras da oposição. Por outro lado os tucanos comportam-se de maneira
rigorosamente idêntica. Capítulo a parte, foi deveras deprimente e vergonhosa
perante a sociedade a atitude cerimonial própria a “chefe de estado” com que o
Senador Fernando Collor, ao cumprimentar o “marginal” Cachoeira, que cumpre prisão
na penitenciária da papuda indiciado como contraventor. A proposito a CPMI não
resultou de um movimento saneador, legítimo, para desbaratar o formidável
esquema mafioso de Carlos Cachoeira. A Polícia Federal como organismo de Estado
brasileiro já desvendava grande parte dele e até o DEM se conformava com a
espetacular desmoralização do seu parlamentar modelo, o senador Demóstenes
Torres, office-boy de luxo do contraventor. Em decorrência e por inspiração do
presidente Lula, o PT e logo toda a base aliada saíram em disparada para
triturar a oposição. Quando tentaram pisar no freio, já era tarde: se a
oposição tinha um governador implicado na saracoteia, a situação estava com
dois e a principal empreiteira do PAC, a Delta, afundada até o pescoço no
lodaçal. As origens da imoralidade no Brasil remontam às ambiguidades das
instituições do colonizador, entre elas, a Santa Inquisição. Em 1945, derrubado
o Estado Novo fascista, a conservadora UDN empunhou a bandeira da “eterna
vigilância” sem conseguir definir quais eram os seus adversários. O doido Jânio
Quadros usou a vassoura como símbolo para chegar à presidência. Guardada as
proporções no âmbito “paroquial” outro símbolo: “a cuia” Foi usada por um
honrado cidadão desta cidade, por sua sabia inteligência aproveitou de farpas
atiradas por seus adversários e transformou “a cuia” como tema de campanha se
tornando vitorioso no pleito eleitoral eletivo, para prefeito municipal. Exceção deste aumentou notoriedade durante a
campanha daquela época. Retomando objetivamente o cenário político nacional, após
se comprovou que a campanha presidencial apenas inovara na maneira de receber
“ajudas” – a sua parte preferia em espécie. O golpe de 1964 tinha pretensões
moralizadoras, mas esqueceu-as rapidamente. O oposicionista MDB logo se dividiu em “autênticos” e
“moderados”, estes com imoderados apetites. O PT foi criado em 1980 para
neutralizar a força do “partidão” (o PCB) na estrutura do MDB e liquidar o
peleguismo corrupto. Empolgou o país; chegou ao poder, entretanto não se livrou
das pragas que contaminaram o exercício do poder: dois anos depois, em 2004, já
estava enredado num escândalo, orquestrado pelo mesmo Carlinhos Cachoeira.
Depois veio o mensalão, “a menina protetora” de Lula em prol de seus
participantes. Nascido no PMDB, o PSDB pretendia manter-se longe do radicalismo
e das trambicagens de Orestes Quércia. Com a bandeira da social-democracia e o
suporte de quadros de nível pretendia criar uma combinação de eficiência com decência.
Produziu façanhas, entre elas entregar a faixa presidencial ao opositor, mas a
presença do tucano goiano Marconi Pirillo na teia de Cachoeira mostra que a
experiência paulista não conseguiu federalizar-se. A busca da verdade não tem
condições de prosperar em ambientes dominados pela busca desmedida de poder.
Ética é uma forma de abrir mão do poder. Um partido da ética precisaria um
compromisso básico com a probidade. O resto é secundário, não faltam
administradores competentes em nossa vida pública para atender às necessidades
nacionais, estaduais e municipais. O conceito de “rouba, mais faz” é a nossa
desgraça. Criado por Ademar de Barros, gloriosamente amplificado por Paulo
Maluf três décadas depois. Alias, é “digno” de registro; aqui: ainda tem “Malufistas”
uma cidade que “cresceu” sob “ideologia metafísica” e vulgar na forma de comportamento
de seus políticos e, correndo o risco de ser ressuscitado por outros “populistas”.
Carlos Cachoeira é o símbolo de uma obsessão apolítica, multipartidária, sem
bandeiras. Só será erradicado por uma coligação de largo espectro composta em
partes iguais por tchutchucas e tigrões. A sociedade em comum espera que este
quadro desolador da política brasileira, advinda há décadas, despertando para o
mesmo formato seja pelo menos amenizado através de sólidos pensamentos de uma
nova sociedade que figura através de uma geração sintonizada com a modernidade
básica de conceito ético que certamente sucederá pessoas e conceitos éticos,
diante de um povo que não é levado a sério.
Antônio
Scarcela Jorge
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